Com 591 municípios a menos, o Mapa do Turismo Brasileiro 2019-2021 encolheu 18%. As regiões Norte e Nordeste registraram as maiores quedas percentuais: 29% e 20,3%. No caso de Pernambuco, a redução foi de 26,2%. Trinta cidades pernambucanas deixaram de figurar no mapa. No entanto, como houve a inclusão de três novos municípios (Paudalho, Ibimirim e Jataúba), o saldo negativo fechou em 27. No total, Pernambuco tem agora 76 cidades com vocação turística, distribuídas em 13 regiões de desenvolvimento. A nova configuração do Mapa do Turismo Brasileiro foi anunciada na última semana pelo Ministério do Turismo.
A redução é um golpe para o turismo estadual, principalmente porque a maior parte das cidades excluídas estão localizadas no interior. Entre elas, destacam-se Garanhuns (Agreste), que realiza o Festival de Inverno, e as sertanejas Serrita, palco da tradicional Missa do Vaqueiro, e Exu, que abriga o Museu de Gonzagão.
Queremos sempre ampliar o número de municípios, mas esse movimento de entrada e saída ocorre desde o primeiro mapa
Na prática, estar fora do Mapa do Turismo inviabiliza as cidades de apresentarem projetos para atração de investimentos do governo federal, ficando restritas aos cofres municipais, estaduais e tentativas de emendas parlamentares. A entrada e saída de municípios depende do preenchimento de certos pré-requisitos.
Segundo a coordenadora-geral de Mapeamento e Gestão Territorial do Ministério do Turismo, Ana Carla Fernandes Moura, novas exigências foram debatidas em dezembro de 2018 com integrantes do setor e tornaram o processo mais rígido. "O Ministério não inclui ou exclui ninguém. Deixamos o sistema disponível para que os responsáveis alimentem com os dados que comprovem o cumprimento dos pré-requisitos. Queremos sempre ampliar o número de municípios, mas esse movimento de entrada e saída ocorre desde o primeiro mapa", explica Ana Carla Moura.
O trabalho de sensibilização dos municípios pernambucanos por parte da Secretaria Estadual de Turismo e Lazer foi elogiado pela gestora federal, que o classificou como "referência". Apesar dos esforços, o titular da pasta, Rodrigo Novaes, mostrou-se incomodado com a saída de cidades indutoras, como Garanhuns. "Acredito que algumas cidades realmente não têm condições de cumprir as exigências, mas em outros casos não há justificativa, é falta de interesse mesmo", afirma. No entanto, o secretário garante que as cidades fora do mapa seguirão recebendo investimentos do Estado.
MUNICÍPIOS EXCLUÍDOS
Araripina, Bodocó, Belo Jardim, Calumbi, Camocim de São Félix, Cortês, Exu, Feira Nova, Garanhuns, Granito, Ingazeira, Itambé, Lagoa dos Gatos, Lajedo, Limoeiro, Ouricuri, Palmares, Palmeirina, Parnamirim, Pombos, Salgueiro, Sanharó.
A secretária de Turismo de Garanhuns, Neile Barros, por sua vez, esclareceu que não conseguiu cumprir uma das novas exigências, que é o funcionamento de um Conselho de Turismo. "O nosso conselho é muito antigo, de pelo menos duas gestões passadas, e nós, apesar dos esforços, não conseguimos reunir os integrantes para retomada das atividades. Seguimos tentando para voltar ao mapa."
A cidade de Gravatá, também no Agreste, celebrou a sua manutenção na lista e disse que está em busca de subir de categoria. Hoje a cidade é B, mas objetiva chegar na A, onde figuram apenas Recife e Ipojuca. "Estamos perseguindo esse objetivo com muito trabalho, principalmente por sermos uma cidade com apenas 80 mil habitantes, mas o caminho está traçado", disse o turismólogo Patrick Serapião.
Já a secretária de Turismo do Recife, Ana Paula Vilaça, ressalta que figurar no topo do mapa é vital para ter prioridade nos investimentos. "Entre os projetos que aguardam liberação de verbas federais, estão os da reforma do Parque de Esculturas, orçado em R$ 2,5 milhões, e da Pracinha de Boa Viagem (R$ 1,5 milhão)."
Um dos três municípios que passaram a figurar do mapa, Paudalho, na Zona da Mata Norte, é rota de fé de milhares de turistas que acompanham a romaria de São Severino dos Ramos. E foi de olho nesse fluxo que o secretário de Cultura e Turismo municipal, Jobson Oliveira, diz ter se esforçado para cumprir as exigências e entrar no radar do governo federal. "Não entramos por acaso. Temos um propósito muito claro, que é fazer um projeto para conseguir uma linha de crédito oferecida pelo ministério para fomentar a questão da hospedagem. Precisamos fazer esse turista ficar pelo menos dois dias na cidade e oferecer melhor infraestrutura", destacou.(Com informações do Portal JC online)
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