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Arquidioceses de Pesqueira, Garanhuns e Nazaré da Mata fazem 100 anos

O encontro que marcará o centenário das dioceses de Garanhuns, Pesqueira e Nazaré da Mata nesta segunda-feira, em Olinda, remete à árvore genealógica do catolicismo em Pernambuco. As três têm a mesma mãe, a Arquidiocese de Olinda e Recife. E a mesma data de nascimento: 2 de agosto de 1918. Mas não são as únicas crias da arquidiocese. No princípio, essa, com título de Diocese de Olinda, era única. Tudo no estado estava sob sua jurisdição. Do litoral partiam missionários e orientações para o interior. O mando olindense sobre o mundo católico começou na segunda metade do século 17 e prosseguiu até a primeira década do século passado. O controle foi dividido apenas em 1910, quando se instituiu a Diocese de Floresta. A partir daí, as linhas divisórias se multiplicaram e em 54 anos as terras pernambucanas passaram a contar com nove dioceses. Crias de Olinda, além de Garanhuns, Pesqueira, Nazaré da Mata e Floresta, são Caruaru, em 1948, e Palmares, em 1962. Pela genealogia, podemos dizer ainda que Floresta, inicialmente filha de Olinda e Recife, mudou de mãe. Explico. Floresta foi agregada à Pesqueira em 1918, graças ao redesenho econômico estadual. Em 1964, recuperou o título diocesano, desmembrando-se de Pesqueira. Por sua vez, Pesqueira tem tripla maternidade. Da sua divisão surgiu Petrolina, em 1923, e Afogados da Ingazeira, em 1956. E o que dizer de Petrolina? A diocese sediada às margens do Rio São Francisco cedeu parte do território a Salgueiro, em 2010. Logo, uma diocese-criança, neta de Pesqueira e bisneta da Arquidiocese de Olinda e Recife.

Bula papal
Entre os envolvidos na criação das dioceses de Pesqueira, Garanhuns e Nazaré da Mata, dom Sebastião Leme merece análise. Bento XV, na bula papal de criação, ressalta o papel do então arcebispo de Olinda e Recife, que, "com preces ferventes", pediu ao Vaticano para dividir a parte oriental do estado e deixar a arquidiocese entre duas dioceses: Nazaré da Mata e Garanhuns. Não por acaso, dom Sebastião se tornou o arcebispo do Rio de Janeiro, nos anos 1920, e cardeal, na década seguinte.

Melhores condições
As explicações para mudar a Sé de Floresta, no Sertão, para Pesqueira, no Agreste, está na bula de Bento XV. No documento, o pontífice acata a sugestão de dom Sebastião Leme, de que a sede de tal diocese "fosse trazida adiante e estendida até o oriente, a cidade de Pesqueira". O número maior de habitantes, as melhores condições das estradas de acesso e o comércio de Pesqueira são frisados pelo pontífice, que afirma ser esta cidade "de longe mais importante do que a cidade de Floresta".

Passado de glória
Ao discursar na homenagem que a Assembleia Legislativa fez ao centenário da Diocese de Garanhuns, neste ano, dom Paulo Jackson Nóbrega de Sousa, resumiu o empobrecimento dos moradores da diocese em uma frase: "Não podemos permanecer prisioneiros de um passado de glória". Referia-se ao auge das culturas cafeeira e de latícinio, em Garanhuns, e canavieira, em Quipapá e São Benedito do Sul. O mesmo pode ser aplicado à Pesqueira, com a indústria de alimentos.

Dimensão diocesana
Em número de municípios, a Diocese de Nazaré da Mata lidera o ranking das três dioceses que comemoram 100 anos. São 35 municípios sob a jurisdição de Nazaré de Mata. Alguns estão na Mata Norte e outros no Agreste. Há ainda Goiana, incluído na Região Metropolitana do Recife desde o início do ano. Garanhuns reúne 33 municípios, enquanto Pesqueira, 15. O ranking segue a mesma ordem quando se trata de paróquias, sendo 42 em Nazaré, 33 em Garanhuns e 25 em Pesqueira.

De povoado à Vila de Cimbres
A história das dioceses criadas em 1918 se relaciona com os movimentos missionários. Tem peso nesses relatos a Povoação Monte Alegre, surgida no hoje município de Pesqueira, no século 17, e posteriormente chamada de Cimbres, que no século 18 foi elevada à categoria de vila. É nessa época que Garanhuns passa a se chamar Povoação de Santo Antônio dos Garanhuns.

infor do diário de pernambuco

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