Michel Temer está encastelado no Palácio, preso nas linhas do golpe que teceu na surdina, assombrado com as delações machadianas (nada a ver com Machado de Assis) e os próximos passos da Operação Lava Jato.
O presidente interino em vez de um ministério montou uma quadrilha e talvez estivesse pensando mais nas festa juninas do que em governar o Brasil.
Não teve condições ainda de participar de nenhum ato público, muito menos de experimentar os ares da rua, pois o medo de ser hostilizado, vaiado e chamado de golpista o faz temer pelo futuro, apesar de sua aparência de mordomo de vampiro.
Dilma Rousseff, a presidenta afastada pela alta impopularidade para barrar a “perseguição” aos políticos do PMDB e siglas igualmente corruptas, ao contrário de Temer percorre o país e é aclamada em Minas, Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Recife.
É recebida com flores e gritos de “guerreira” e “coração valente”, deixando para trás os índices negativos de popularidade de quando estava no governo.
É que tudo era culpa da Dilma. Até a alta do tomate. Agora, graças ao impeachment, ela está livre de a responsabilizarem pelo preço extravagante do feijão, sem o qual o brasileiro não pode passar, mas que em algumas capitais já se aproxima dos 15 reais o quilo.
É feijão mesmo, não será ouro?
Ora, que ouro? O articulista já deve estar pensando nas olimpíadas e refletindo na profecia do jornalista Juca Kifouri, que entende de futebol, porém vez por outra dá também seus “pitacos” na política e a última dele foi prever que Michel Temer não irá durar e será estrondosamente vaiado nos jogos do Rio de Janeiro.
Se isso realmente acontecer, esperemos que o povo seja pelo menos polido com sua Excelência e não o mande tomar no cu, como fizeram com a presidenta (assim, no feminino, para acentuar as diferenças de gênero e, claro, com a permissão dos dicionaristas e gramáticos).
O fato é que Dilma virou vítima e daqui a pouco está mais popular do que Lula, deixando o ex-presidente com inveja, mas não do tipo daquela do Fernando Henrique Cardoso, capaz de adoecer e até de defender um golpe só para ter o gosto de derrotar o peão que o superou no exercício da presidência da República.
O mundo dá voltas e política é feito nuvem, muda de forma a todo momento. Assim, não sabemos ainda o que vai acontecer ao final.
Alguns ministros ainda devem cair, novas revelações bombásticas serão noticiadas, Michel continuará temendo pelo futuro, Dilma prosseguirá sendo aclamada como a vítima de um ato de injustiça, mas é provável que os senadores levem à frente a farsa, mantendo os mesmos esquemas de hipocrisia, maniqueísmo e corrupção até 2018, quando o povo terá a grande oportunidade de castigar os golpistas e renovar os podres poderes que reinam no Congresso Nacional.
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